domingo, 27 de novembro de 2016



A umbanda, sob meus olhos.

Este é um texto antigo, de autoria própria, acho que de uns 10 anos ou mais, antes de que eu pudesse compreender direito, os fundamentos da umbanda.


Gostaria de compartilhar uma visão anterior a esta religião brasileira, de filosofia milenar, do qual hoje nutro profunda devoção, respeito, dedicação e tenho como trabalho em um dos muitos aspectos da caridade, servindo como forma de aperfeiçoamento e também de melhoria ao indivíduo.

Boa leitura a todos.

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Quando me lembro de criança, lá pelos meus meros 6 ou 7 anos de idade, recordo que minha mãe freqüentava uma casa onde aconteciam reuniões de orientação ao mediunismo e a melhoria do comportamento pessoal (reforma intima) que depois de adulto me dei conta que eram lidos os livros de Kardec.

Mas o que me custava sair da mente, era a mesa preparada, com imagens que representavam santos do catolicismo, bem como outras imagens de divindades espirituais que temos conhecimento que eram de culto afro.

De qualquer forma, as poucas manifestações que haviam ali, não me causavam medo, espanto e nem tão pouco iriam ser fortes o suficiente para que eu deixasse de freqüentar aquilo. Quando muito, quando ocorria alguma incorporação, o tutor da casa, Sr. Darci, calmamente se levantava, e em meio a preces e palavras de carinho, tratava de acalmar o ambiente sempre sugerindo que seja lá o que for que desejasse se fazer presente, seguisse seu rumo, mas que acima de tudo, fosse devidamente acompanhado por outros irmãos desencarnados que tinham um compromisso de resgate e reparação, de orientação e religiosidade.

Era a umbanda, embora eu não sabia que era a umbanda.

Depois me perdi, conheci amores, gostos e desilusões, sucessos e fracassos pessoais e profissionais, casei, tive filhos, e segui a vida. Procurei algumas alternativas que pudessem me fazer acalmar o coração e me fazer repousar em estudo, pois sempre tive em mente que eu não era apenas carne. Desde muito cedo também eu questionava a vida e a morte. Se iríamos morrer, para que viver? Era isso que eu me perguntava...mas as respostas não vinham...ou quando vinham, não me eram satisfatórias.

Já adulto, encontrei no espiritismo, a maioria das respostas da perguntas que eu sempre fiz, e ainda..um numero maior de respostas das perguntas que eu jamais ousei a fazer. Encontrei então um porto seguro onde minha alma poderia repousar, como assim fez.

Mas existia algo de diferente, em conceitos tão semelhantes: se ambos os pontos de vista exerciam educação mediúnica e manifesto espiritual, porque a diferença ideológica?

Para que a resposta me fizesse conforto a razão, fui estudar a umbanda mas não me separando do espiritismo orientado por Kardec. Percebi que muito da repulsividade que eu tinha a respeito desta religião era tão somente a própria repulsividade que a ignorância me permitia ter, pois me era de desconhecimento seus reais propósitos.

Entendi que assim como aqui, existem homens bons e homens maus e que também por isso, existem espíritos bons e espíritos maus, mas que os maus, na verdade, não estavam na umbanda porque o mal não é caridoso e nem é brincalhão como as crianças que muitas vezes ali se manifestam.

E como ver maldade na forma perispirítica de um escravo que após seu desencarne, relembrou de suas tomadas originais das raízes africanas, e ainda nos concede sabedoria e ensinamento em palavras simples, mas sempre de alerta ou edificação?

Como não levar em consideração, durante os meus manifestos mediúnicos de vidência, eu percebo que os que mantêm certa segurança ante a rebeldia de alguns, nas reuniões do espiritismo kardecista, são nada mais do que índios e caboclos da umbanda?

Percebi então que a organização espiritual transcende o nosso vil conhecimento e que se havia necessidade ainda de uma separação, ela só estaria incutida na minha mente.

Percebo hoje então que o bem e o mal pode existir em qualquer lugar, mas que este bem e mal não é uma culpa direta da menção religiosa em si, mas sim dos corações dos homens e mulheres, que ainda podem ser bons ou maus, a medida do seus estágios evolutivos.

Percebo que existe uma confusão de entendimento metodológico onde muitos consideram como espiritismo kardecista a própria umbanda e como umbanda, as demais vertentes espiritualistas, como a quimbanda e o candomblé.

Percebo também que se tudo isso existe, é porque uma consciência cósmica universal permite isso pois cabe a nós, ao nosso estado de depuração, vincularmo-nos aquela temática que nos fará bons e melhores, desvinculando-nos de vez das paixões materialistas e entendendo então que, assim como eles, preto velhos e caboclos, nós também temos uma responsabilidade diante do conhecimento que nos foi oferecido e que exerçamos isso sempre em prol a edificar nosso rumos, mas tendo em mente que nunca estamos sozinhos e que nem sempre aquele a que chamamos anjo da guarda, possui asas efetivas, mas sim... traz consigo um chapéu de palha e sorriso meigo, palavriado macio e que nos chama de filhos.

Alguns são bravos, mas e será que não somos merecedores as vezes de umas broncas mais efusivas?

Como diz o ponto cantado “..umbanda tem fundamento..” e eu fui estudar este fundamento e vi que é verdadeiramente imenso o mundo espiritual, para que pudéssemos sugerir que já chegamos a um fim de estudo.

Vejam bem: não é uma critica kardecista e nem é um ode a umbanda, apenas um relato de um caminho que eu segui, e vi que o tanto quanto seguro e edificante, conhecer outras vertentes.

Até.




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